Lilian acordou cedo sem saber que o
mundo lá fora estava virado de ponta cabeça. Ao sair de sua casa para o trabalho viu uma cena caótica: pessoas correndo feito loucas gritando sobre uma tal invasão de formigas gigantes, uma
confusão total. Pensou consigo: minha velha
mania de nunca olhar as notícias antes de sair.
Andando pelas ruas um tanto
perdida resolveu olhar para trás podendo observar uma multidão correndo na sua
direção, subiu na calçada e, como um reflexo, grudou no muro de uma escola. Assim
que a multidão diminuiu, pôde avistar um monte de seres estranhos, enormes
vindos ao longe, pareciam formigas gigantes. O que fazer agora? correr......
Lilian correu
desesperadamente, resolvendo descer por uma rua deserta diferente do caminho
escolhido pela multidão. Correu tanto que nem percebeu que não existia mais
nada perseguindo-a, parou pra descansar. Tempos depois observa um carro ligado na frente de uma casa, aproximou-se
e ao chegar sentiu alguém puxar seu braço e foi jogada
dentro do veículo, que logo saiu em disparada, só deu pra notar o motorista: um
homem totalmente desconhecido. Ao olhar para trás percebeu dois
adolescentes, todos se encontravam totalmente em silêncio, aparentemente em
estado de choque.
Com um silêncio perturbador,
Lilian acabou adormecendo....não se sabe quanto tempo se passou desde então com
o motorista seguindo pela estrada deserta, mas sabe-se que sua tentativa de
dialogar quando acordou foi falha.
— Qual seu nome? O que está
acontecendo? — O silêncio continuou por algum tempo, mas, respirando fundo, ele
acaba respondendo:
— Meu nome é Lucas! Este é meu
filho Jorge e seu amigo Mateus. Estávamos em casa... Quando fui procurar minha esposa
no quintal... .e encontrei uma coisa enorme, parecia uma formiga e estava com
uma pata enfiada nas costas dela, a única coisa que fiz foi pegar meu filho e
seu amigo entrar no carro e sumir o mais rápido possível.
O silêncio novamente toma conta do carro, depois de horas viajando por uma estrada onde tinha
apenas vegetação pararam numa espécie de barranco. Desceram do carro e, ao
olhar do lado, avistaram uma casa próxima ao mar. Como
estavam famintos e cansados resolveram ir até o local que se encontrava vazio,
possuindo uma dispensa farta como se alguém tivesse preparado para passar um
bom tempo ali. Sentiram-se protegidos.
Passaram diversos dias,
Lilian começou a entrar em desespero pelo fato de se encontrar isolada sem
telefone, internet, televisão ou qualquer outra coisa de comunicação. A sensação de não saber o que está acontecendo no mundo e o inicio
da escassez de comida deixam-na maluca.
Mais uma manhã ensolarada..... Lilian
se encontra na água límpida do mar. A praia é linda, extremamente limpa
diferente de muitas que havia visto. Porém, ao olhar para paisagem ela se
desespera com as criaturas enormes que estão descendo do mesmo barranco pelo
qual desceu dias atrás. Correu em desespero para a casa avisando os três
rapazes, que aflitos correram junto dela para o fundo da casa subindo para o
telhado por uma escada. Lá de cima Lucas pôde ter uma visão do chão enquanto a
moça estava abraçada aos garotos, quando de repente, três criaturas estavam no
telhado. Eles pularam na laje logo abaixo, entrando em uma área fechada
trancando a grande porta de vidro atrás deles prendendo patas horripilantes.
Observando as criaturas de olhos amarelados, com suas patas e corpo cheio de
pelos amarronzados; todos se perguntam: - O que é isso?
Passou-se algum tempo até
perceberem que as criaturas não se mexiam mais, como se estivessem sido
paralisadas. Lucas resolveu então sair pela janela, andando pelo telhado para
observar que tudo se encontrava vazio onde os únicos monstros que eram visíveis
eram aqueles três presos na porta, imóveis. Todos retornaram para
dentro da casa, Lilian liga mais uma vez o rádio ouvindo mais do que estática, uma voz que saia do aparelho dizendo que as criaturas haviam morrido
misteriosamente, mas que o caos continuava devida a multidão faminta que corria
sem direção para todos os lugares. O rádio fica totalmente mudo, nenhuma outra
estação funciona.
Todos vão pra fora da casa,
avistam no alto do barranco uma multidão de pessoas. Uma das pessoas da
multidão aponta na direção deles e todos descem a rua como loucos. Lilian e os
rapazes se encaram e pensam:
“O que é pior: insetos ou a multidão?”